ADOLESCÊNCIA, DROGAS E CAPOEIRA

Apesar de nos considerarmos como um individualidade imutável, permanente, invariável, cada um de nós é um processo em evolução, algumas vezes explosiva, outras em suave transição, porém em contínua transformação.
No transcurso desta progressão surgem períodos críticos, dos quais o primeiro e talvez o mais difícil, é o nascimento, apesar de obscurecido por uma aparente inconsciência do Ser; seguido em importância pelo da adolescência, que definirá todo o futuro, por marcar a transição da segurança do lar para a incerteza do ambiente social, nem sempre benfazejo, nem hospitaleiro, no qual o jovem tem que encontrar sua própria subsistência e realizar os seus sonhos.
A adaptação do recém-chegado ao novo ambiente deve ser feita sem rotura das ligações afetivas da família, célula matriz e nutriz da sociedade, através do complexo educativo, onde adquire papel preponderante a formação do caráter, viga mestra da personalidade.
O adolescente, até então sob a proteção do amor e do carinho familiar, começa a ser protegido pelas leis que regem as relações entre individualidades pressupostamente em igualdade de direitos, liberdade e fraternidade.
Se por um lado a escola convencional oferece a formação e o arcabouço intelectual, o esporte molda o caráter, através o contato e a disputa entre colegas sob leis de estrito cavalheirismo, ética e ritual;  promovendo o desenvolvimento da parceira, da humildade individual, da integração comunitária, do respeito ao oponente, da disciplina e sobretudo, da honestidade e lisura no trato.
O esporte, além de representar uma válvula de drenagem para o excesso de energia vital, favorece a afirmação da personalidade e o desenvolvimento da autoconfiança, pela convivência pacífica e segura com situações críticas, que exigem resolução acertada, sempre sob a proteção dum ritual de segurança.
O jogo da capoeira da Bahia, por ser praticada em qualquer idade, é um esporte que aproxima a infância, a adolescência, a maturidade e os mais velhos, unindo várias gerações, integrando diferentes fases históricas da mesma cultura, gerando uma comunidade amalgamada pela alegria e pelo prazer, como podemos ver na foto do encontro das duas gerações na festa de  Benício "Golfinho" Boida de Andrade Júnior.

 
Dr. Benício e seu filho "Golfinho", dialogando alegremente na linguagem dos movimentos da capoeira!

 
Vovô Capoeira e os alunos do seu neto, Mestre Canelão, na harmonia da roda da capoeira

O texto seguinte, do Dr. Benício Boida de Andrade, apresenta sucinta e claramente o drama da chegada do adolescente ao novo palco em que desempenhará um papel para o qual nem sempre estará bem preparado.


ADOLESCÊNCIA

Dr. Benício Boida de Andrade
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INTRODUÇÃO

Para ser bem compreendida, deve ser dividida em BIOLÓGICA (que é a fase da vida que vai dos 13 aos 20 anos) e PSICOLÓGICA que não tem idade definida, podemos encontrar pessoas que envelhecem apresentando características de adolescente e outras pessoas que aos 15 anos de idade não tem mais o comportamento de adolescente.
O AURÉLIO define a adolescência como o período da vida humana entre a puberdade e a virilidade (dos 14 aos 25 anos) – período que se estende da terceira infância à idade adulta, caracterizado psicologicamente por persistentes esforços de auto-afirmação. Corresponde à fase de absorção de valores sociais e elaboração de projetos que impliquem plena integração social.
PUBERDADE é o conjunto de transformações psicofisiológicas ligadas à maturação sexual, que traduzem a passagem progressiva da infância à adolescência.
O adolescente se caracteriza pela fase de indefinição, de dúvidas, de múltiplas interrogações. Ele não entende exatamente o que ele é pois, ao tempo em que a sociedade lhe cobra responsabilidades de adulto, seus pais lhe proíbem, por exemplo de ir a uma festa sozinho(a). Este conflito lhe traz uma especial vulnerabilidade.
Antes porém, na primeira e segunda infância o ser humano passa por pelo menos duas fases importantíssimas que prepararão sua estrutura psicológica para ser um adolescente mais ou menos vulnerável às inúmeras seduções de práticas nocivas ao ser humano, que ele estará exposto principalmente ao adolescer. Do ponto de vista didático podemos chamar estas fases de fase da esponja e fase do filtro.
Na FASE DA ESPONJA (que vai dos 0 aos 7 anos), a criança absorve tudo que os adultos lhe dizem, com uma capacidade enorme de absorver e arquivar informações, funcionando o seu cérebro como o mais complexo computador que se tem conhecimento na humanidade. Podemos dizer que o seu HD (Hard Disk – disco rígido) tem capacidade impossível de se mensurar sua configuração, assim também como a sua memória RAM é fantasticamente capaz de trabalhar acessando ao mesmo tempo milhares de informações arquivadas.
Na FASE DO FILTRO (que vai dos 7 aos 14 anos), aquele fantástico computador já seleciona as informações que recebe, elegendo ídolos que funcionam como verdadeiros padrões e cujas opiniões e informações fornecidas são tomadas sempre como verdades absolutas, estando representados sempre por pessoas que estão mais próximas como: os pais; os tios; os professores; o motorista a empregada doméstica; etc. Nestas duas fases anteriores à adolescência estará se formando a estrutura psico-emocional que o adolescente disporá para enfrentar com maior ou menor equilíbrio os conflitos naturais desta especial etapa de sua vida que o definirá como um adulto mais ou menos adequado ao mundo.
A partir dos 14 anos temos o adolescente propriamente dito, quando ele está preparado para contestar todos os valores socialmente estabelecidos. O adolescente tem necessidade de questionar valores, fazer conflito, e seu primeiro alvo é a famíliaonde ele está inserido e a autoridade presente a ser confrontada é representada pelos pais. É importante para o adolescente ter quem lhe faça oposição, pois desse conflito resulta a sua aprendizagem de ser, de definição de atitudes, que se dá nesse confronto, onde ele entende o que quer, o que o outro quer, o que pode e o que não pode, o que consegue e o que não consegue.
É através do confronto que ele vai perceber o seu tamanho, suas características, suas forças e fraquezas, suas aptidões, enfimo conhecimento mais amplo de si próprio.
O adolescente, precisa sair desse confronto razoavelmente bem sucedido, para poder crescer e tornar-se adulto. Senão ele vai ser um fracassado, aquele que perde todos os confrontos, que é oprimido, reprimido.
Em nossos valores sociais há uma espécie de consumo de sucessos e o adolescente se fascina por esse valor (jogar futebol e outros esportes, ganhar bonecas bonitas e boas, tirar boas notas na escola, ter mais namorados, etc.).
Se ele perde sempre num mundo onde se tem de ganhar ou pelo menos emparelhar, para não ser um adulto com baixa auto-estima, deslocado do mundo atual, ele terá dificuldades no seu desempenho como adulto nesta sociedade competitiva.
Se o indivíduo por exemplo tem 15 anos, trabalha numa fábrica e traz o dinheiro para casa para ajudar no sustento, ele não é um adolescente, ele é um homenzinho ou uma mulherzinha (no bom sentido) que por dificuldade econômica, queimou etapas de sua vida. Mas, se apesar de precisar trabalhar, esse jovem não para no emprego, não assume seus compromissos, então ele absorveu valores de uma classe sócio-econômica à qual ele não pertence. Ele não está ajustado.
A sociedade por seu lado ignora no adolescente o adulto recém-formado, desvaloriza a sua capacidade, teme as mudanças que ele possa postular, classifica esse indivíduo como um rebelde em potencial, limita os seus direitos, impõe normas que o enquadram nos padrões vigentes.
Os adultos tem a necessidade de preservar a sociedade, mantê-la segura mesmo com as flagrantes desigualdades econômicas e sociais em que ela está alicerçada.
Em geral quando falamos de adolescência, limitamo-nos aos jovens que integram famílias com boas condições de vida; mas a maioria dos adolescentes no Brasil pertence a famílias com problemas de base, falta-lhes habitação, instrução e alimentação adequadas, estão cuidando da sobrevivência através do trabalho em subempregos, explorados por serem menores, fazendo parte do "econômico" na sua família.
É essa maioria que na luta pela sobrevivência acaba por enveredar pela marginalização; a contravenção e o crime são muitas vezes a saída para sobreviver.
Há pouca diferença entre o adolescente e o jovem pobre, que acabam na marginalidade.
O menor de idade pobre não tem quem se responsabilize por ele, pois os pais são considerados sem condições de fazê-lo. Freqüentemente acabam em instituições que, ao invés de corrigir os problemas, servem como escola de aperfeiçoamento para o crime.
Enfim, 80% ou mais dos nossos jovens não chegam a ser problema durante a adolescência porque ainda não tem a possibilidade de ser "adolescente"; passam direto da infância à idade adulta.
Adolescente pobre só é lembrado quando torna-se notícia nas páginas policiais dos jornais. Os meninos nas contravenções e no crime, e as meninas como vítimas de crimes sexuais.
É nesse contexto que o adolescente acaba se envolvendo com tóxicos socialmente aceitos ou não, ora consumindo-os, considerado como viciado, ora difundindo-os e considerado pelas leis como traficante; em ambos os casos sujeitos mais à repressão policial do que aos cuidados médicos e orientação psicológica.

DROGAS

Em 1995 a comercialização de drogas ilícitas no mundo todo envolveu cifras da ordem de 300 bilhões de dólares ( quase três vezes a dívida externa brasileira).
O consumo de drogas em vários países do mundo atinge proporções de epidemia. Muitas pessoas se comportam como se o problema não existisse: "Não é comigo, meus filhos, meus amigos não estão envolvidos, sou contra (ou a favor); as drogas devem ser combatidas, (ou liberadas) e ponto final". – Se coloca a responsabilidade na droga.
Seria ingênuo imaginar-mos que se vai eliminar o problema, apenas combatendo-o do ponto de vista jurídico-policial.
>Como pretender acabar com uma produção e um tráfico que envolvem bilhões de dólares, grupos poderosos organizados internacionalmente, e até governos?
É claro que estas medidas devem ser tomadas.

É dever de todo cidadão cobrar das autoridades competentes o combate ao tráfico e à produção.

Mas, isso não é tudo. Não podemos falar das drogas com sensacionalismo exacerbado, de seus efeitos maléficos apenas, embora, isto seja importante.

É preciso saber que,
quem procura as drogas não está sendo movido pelos seus malefícios a médio ou longo prazo,
mas, pelo prazer imediato (ou pelo alívio imediato do desprazer).
Um prazer que não se está conseguindo encontrar nos seus relacionamentos interpessoais,
nem na sua atuação social, nem na sua realização como indivíduo!

Não podemos desconhecer esta fonte de prazere a devemos analisar colocando num prato da balança os supostos benefícios e no outro prato da mesma balança as consequências a médio e longo prazo. 

Não podemos também, culpar apenas as más companhias
(embora elas possam existir).
É preciso que haja no indivíduo uma receptividade, uma vulnerabilidade às drogas.

O tratamento dos viciados não pode ser visto como uma simples desintoxicação,
como se a droga fosse um vírus ou uma bactéria que causou uma contaminação acidental.

Os médicos podem desintoxicar um viciado, até trocando todo o seu sangue, mas, isso não muda sua estrutura mental, seus sentimentos, sua maneira de pensar e de se colocar no mundo daquela pessoa que procurou determinada droga em função de um determinado efeito.
A dependência física também é muito variável, e alguns indivíduos que usam drogas potentes como a morfina para diminuir a dor de um câncer por exemplo, apresentam o fenômeno da adaptação, mas, não ficam obrigatoriamente dependentes do ponto de vista psicológico. Os epilépticos tomam barbitúricos, drogas causadoras de uma grande adaptação, sem ficar dependentes. Fica claro então, que a dependência está relacionada e muito com a finalidade para a qual o indivíduo usa a droga.

Para entendermos melhor o problema das drogas
devemos levar em conta que elas resultam de uma tríade:
indivíduo/droga/meio sócio-cultural-familiar.

Não podemos tirar a responsabilidade
do indivíduo que a usa,
da família à qual pertence
e
da sociedade em que está inserido!

Entre nós, uma sociedade de consumo em que a televisão aconselha a ingerir uma droga ao menor sinal de dor – já que pensar na causada dor "não resolve", o negócio é fazer passar logo. Numa sociedade em que o álcool e os cigarros são anunciados e vendidos através de mensagens extremamente sedutoras e erotizadas, torna-se muito difícil combater o uso das drogas.
Para nós que fazemos parte desta sociedade e estamos preocupados com as drogas, é necessário adquirir conhecimentos mais profundos, sair da posição defensiva do contra ou a favor de um mito para pensar no significado humano do uso da droga.
Só depois de ampliado o conhecimento será possível desenvolver uma atitude pessoal em relação ao problema e aos usuários.
Essa elaboração se aplica sobretudo aos profissionais da área de saúde e educação.

Em cada escola,
por exemplo poderia haver
um núcleo,
ou uma pessoa
com
uma atitude interna elaborada e segura,
que soubesse identificar:

1) O indivíduo que experimenta por mera curiosidade.
2) O indivíduo que tem algumas experiências e para.
3) O indivíduo que busca ativamente a droga e a usa:
a) Como um estímulo de vida
b) Como dependente

É preciso sabermos que

de cada 100 pessoas que experimentam algum tipo de droga, apenas 10 se tornam dependentes,
portanto
não seria adequado prender ou internar todos aqueles que experimentaram,
mas,
há a necessidade de uma abordagem preventiva, esclarecedora, que ainda não assumimos.
Há de se ter tratamentos diferentes para diferentes níveis de envolvimento!


A RELAÇÃO DOS ADOLESCENTES COM AS DROGAS

O processo de aprofundamento é mais ou menos o mesmo em qualquer tipo de droga: cigarro; álcool; maconha; etc.
Ninguém começa fumando 2 maços de cigarro por dia ou bebendo 1 litro de aguardente por dia.
Dividimos portanto, a escala de aprofundamento em quatro fases:

a) FASE DA CURIOSIDADE:
É quando o adolescente quer se experimentar para ter noção do seu eu, para ver como reage em determinadas situações. No adolescente a curiosidade está especialmente aguçada. O primeiro cigarro é fumado sempre por curiosidade.

b) FASE DA AVENTURA:
É quando o adolescente já conhece bastante sobre o cigarro ou sobre a bebida, e sabe, portanto, o que procura. Mas, procura só quando a circunstancia a favorece e sem maiores escolhas; fuma qualquer tipo de cigarro, toma qualquer bebida. Sabe por exemplo que a bebida lhe proporciona uma certa euforia, ou desinibição. Mas, não muda por causa disso o seu ritmo de vida, seu modo de viver. Bebe quando pinta, o que pinta e pronto. 

c) FASE DA MULETA:
Nesta fase há um maior compromisso com a droga e já tem uma apetência específica por uma determinada droga. Fuma "hollywood", bebe "vodca". E costuma ter em sua casa um bom estoque de sua droga preferida, a ser consumida sempre em determinadas circunstâncias. Há uma relação definida entre o adolescente e a droga.

d) FASE DO VÍCIO:
nesta fase há uma relação de dependência. Você vai dormir, vê que está sem cigarros e fica nervoso: "e se eu acordar às 3 da manhã e quiser fumar?". É melhor levantar-se, pegar o carro e ir comprar.Você não tem mais controle no hábito que agora é vício.

O tóxico
– maconha, cocaína
– segue também este caminho
curiosidade/aventura/muleta/vício .

Agora,
o que levaria o indivíduo a passar da curiosidade ao vício?
vai depender da estrutura de personalidade de cada um, de seu ambiente familiar e social.

Quando se fala em tóxicos é preciso ter muito cuidado para não estimular a curiosidade do adolescente, naturalmente já muito aguçada. Ao se falar que um tóxico produz certo efeito de bem estar, um barato muito grande, o adolescente pode se sentir estimulado a experimentar "numa boa". Ele não precisa de reforço para experimentar, precisa de reforço para segurar um pouco sua curiosidade. É bom levar em conta que, muitas vezes ele precisa de um argumento perante a turminha que anda transando um determinado tóxico.

O adolescente precisa contar com a possibilidade de alguém francamente contra.
Na turma dele o mais provável é que todos sejam a favor.
O pai, o educador não devem se intimidar de dizer que são realmente contra,
para ser contra, é preciso:
ter argumentos,
reconhecer os efeitos dos tóxicos,
conhecer significado de certas palavras como"barato"
que é um estado de breve euforia que substitui um estado anterior de baixo astral.

Durante uma determinada fase da vida do adolescente, ele vai preferir a companhia de sua turma à companhia dos pais. É preciso entender, no entanto, que durante a adolescência o jovem tem necessidade de se desligar da família e buscar nos amigos (que vivem o mesmo problema) o apoio para isso.
A turma representa o papel intermediário entre a ruptura, normal e necessária, com o vínculo familiar e as parcerias mais definitivas que os jovens estabelecerão ao longo de sua vida.
Ao lado dos amigos eles se preparam para a vida social e para a saída do ninho.
É nesse momento que identificamos o momento de maior vulnerabilidade do adolescente, quando ele experimenta pela primeira vez sentimentos fortes como: a primeira paixão; o primeiro beijo; o primeiro orgasmo e o primeiro contato com as drogas, socialmente aceitas ou não.

Durante a fase de "barato" que falávamos acima, aparecem alterações de percepção que são freqüentes:
O jovem sai do mundo real e curte uma situação que só ele vivee que dificilmente consegue contar a outro.
Seria como contar o gosto da laranja a quem nunca chupou laranja.
A depender da profundidade de ação da droga, o adolescente pode ter ilusões; alucinações e delírios.
Viajar,também é uma expressão muito comum para quem usa drogas.Viajar num sol, numa nuvem, num copo.
Trata-se de uma hiperconcentração num detalhe, desligando-o de todo o resto.
Durante uma aula por exemplo, um aluno sob efeito da maconha pode isolar uma só frase do professor, viajar nela e esquecer todo o resto.
As drogas que dão"barato" são amaconha ( a mais acessível)e as substâncias voláteiscomo o éter; clorofórmio; benzina; cola de sapateiro; etc.
Elas contém hidrocarbonatos e, quando evaporam exalam um cheiro, às vezes bem desagradável, que absorvido pelo cérebro, pode propiciar viajem. A pessoa delira, vê coisas, alucina. Existem também vários medicamentos como os aerossóis em geral, e a cada dia aparecem novas drogas com ações semelhantes.
Essas drogasao penetrar no organismo na forma gasosa vão lesar as células nervosas, destruindo neurôniosque não regeneram e não são substituídas por outras no organismo, sua lesão deixa dano irreparávele estas células são encontradas predominantemente no cérebro.
Quando a fumaça da maconha penetra no organismo, provoca algumas reações imediatas: o coração dispara, a conjuntiva ocular fica avermelhada e a saliva seca. Pode haver alteração psíquica, como ilusão, alucinação e delírio, perda da noção do tempo e do espaço.
Os efeitos mais graves são a longo prazo pelo acúmulo do THC (delta-9-tetrahidrocarbinol) nas células gordurosas do cérebro, fígado, dos rins e do baço, necessitando de um período de até 3 meses para ser eliminado.

A maconha é 10 vezes mais cancerígena que o cigarro comum.

Fetos expostos à sua ação revelaram má formação congênita. O efeito da maconha sobre as células em desenvolvimento é catastrófico. Nas células já desenvolvidas o efeito é menor e traz atrofia cerebral a longo prazo.

Diminui a produção de hormônios, de espermatozóides e reduz o desejo sexual.
Não influi no objeto da escolha, tanto o homossexual como o heterossexual continuam na mesma.

O efeito mais sério e irreversível da maconha é a longo prazo sobre a personalidade do indivíduo, após as lesões cerebrais irreversíveis. A vítima nunca culpa a maconha de nada. O mal está sempre em outra coisa qualquer.
E assim o indivíduo vai perdendo o ELAN VITAL, A FORÇA DA VIDA, que é essa força que nos faz ficar aqui esta noite, discutindo estes problemas, depois de um dia estafante. A decisão de estar aqui bateu com alguma aspiração de vocês.
O viciado vai perdendo estas aspirações, passa a viver numa faixa muito estreita de interesses.
Prefere ficar horas sentado, sem viver ligações reais e afetivas com as pessoas, com os projetos de vida.
É a SÍNDROME AMOTIVACIONAL e ocorre justamente numa idade em que a pessoa tem tanta coisa pela frente.
O adolescente encontra-se numa fase de auto-afirmação social muito intensa. Ele não tem medo de ser rejeitado pela família, onde, supõe-se ter lugar garantido mas, tem verdadeiro pavor de ser rejeitado pela turma.
A melhor garantia para ele nesse momento é uma boa alimentação afetiva e valorização humana em casa.
Quanto mais carente se revelar, mais tenderá buscar afirmação perante os outros.

Nessa idade a pressão da turma é sempre mais forte que a familiar.
Se a turma é a favor da maconha, a regra é o adolescente fumar também,
ainda que se sinta mal por fumar.
O importante nesta hora é ter estrutura interna para decidir.
A grande infiltração dos tóxicos não vem pelos traficantes e sim pelos colegas.

Nunca existe só um culpado.
Mesmo numa família bem estruturada o jovem pode experimentar a maconha,
e a família no desespero pode tomar atitudes que mais atrapalham do que ajudam.
É preciso ter uma posição clara,
aberta ao diálogo,
sem repressão.
Repressão fecha o diálogo,
os pais serão os últimos a saber,
quando já estiver na fase do vício.

Pais que não suportam frustrações, também transmitem um modelo perigoso para os filhos.
Pessoas que não suportam ser contrariadas, por qualquer coisinha já estão apelando para remédios.
Ou fumam e bebem demais.
O excesso de cigarros, fica como um sub-vício na família, um modelo, que sem perceber, o filho pode adotar, um dia, mais à frente emmomentos difíceis.
Para que o jovem se sinta forte para enfrentar suas dificuldades e as pressões do ambiente, ele precisa de muito alimento afetivo. O alimento do diálogo franco, do amor generoso, da valorização dentro de casa. Em um espaço cada vez menor. Há muita correria para vencer na vida e os jovens terminam vítimas dela.
O pai nunca para e diz ao filho: Estou com um problema, o que você acha?
Pai que se revela incapaz de parar, conversar e pedir ajuda, passa ao filho um modelo de que cada um tem mais é que se virar sozinho.
Como vai se queixar depois de que o filho nunca sentou com ele para conversar sobre a vida? sobre tóxicos? sobre sexo? por exemplo.


ALGUNS SINAIS CARACTERÍSTICOS DO ENVOLVIMENTO COM DROGAS

OLHOS VERMELHOS:
o álcool; a maconha; a cocaína; a cola e o éter.
DEDOS AMARELOS:
provenientes do cigarro de maconha que o jovem costuma fumar até o finalzinho.
IRRITAÇÃO E AGRESSIVIDADE:
qualquer observação dos pais sobre o comportamento do jovem desencadeia nele uma crise de agressividade.
AFASTAMENTO DOS FAMILIARES E DOS VELHOS AMIGOS:
O jovem não conversa mais em casa. entra e vai direto para o quarto.
RELACIONAMENTO COM NOVOS AMIGOS:
A nova turma é composta agora de pessoas que se drogam.
VENDAS DE OBJETOS QUE SEMPRE ESTIMOU:
De repente, ele vende o tênis preferido, o casaco, um instrumento musical, o skate, para comprar droga.
MUDANÇAS DE HORÁRIO:
Chega tarde em casa, acorda também muito tarde.
DESMOTIVAÇÃO PARA O ESTUDO E O TRABALHO:
Que resulta na expulsão da escola ou na perda do emprego.
FURTOS DE PEQUENOS OBJETOS EM CASA:
Dinheiro, jóias da mãe, aparelhos eletrônicos, rádio, etc.
PRISÃO NA RUA PORTANDO DROGA:
Se a situação lhe parece familiar, converse imediatamente com seu filho. Não perca tempo e não tente se enganar.