A estigmatizarão perversa do capoeirista (como malandro, desordeiro, baderneiro e quejando) pela classe dominante, em contraste com o espirito gozador, alegre, festivo do nosso povo humilde, é fruto dos preconceitos contra as manifestações culturais africanas tidas como "coisas do diabo" e detestadas por que os negros e afins apenas serviam como fonte de riqueza.
As manifestações culturais eram reprimidas por que o suor do trabalho escravo, que no trabalho se transformava em ouro para os escravistas (tidos como superiores culturais e espirituais), durante o tempo do samba e da capoeira se transformava em felicidade e não em moeda sonante.
Da idéia de prejuízo econômico e desgaste físico da fonte de renda aos preceitos coibitivos vai um passo pelo descaminho do preconceito…
Preceitos, Preconceitos e Polícia…
os três Pês que Perseguem os Pretos!
Acresce que os historiadores se louvam nos documentos policiais e notícias de jornais, que também se baseiam nas mesmas fontes, sem os descontos dos abusos de poder e das reações naturais dos injustiçados…
Dada a alegria inerente aos capoeiristas, o pejorativo dos termos policiais passou a ser usado como galardão de destemor e bravura, pela consciência da força de cada um, que o povo não tem e a capoeira empresta aos seus praticantes .
Daí encontrarmos, em Noronha e nas conversas dos antigos portuários, como auto-elogio os termos baderneiro, desordeiro, valentão, que soam de maneira contrastante com o comportamento dos nossos companheiros de roda.