AÚ EM ENTERRO DE FILHO DE REI AFRICANO NO BRASIL
Folheando o "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil" de Jean Baptiste Debret, deparei com sua gravura #16, onde abaixo da prancha "Enterro duma negra" encontrei o "Enterro do filho de um rei negro" …
Nesta gravura marcamos detalhes que me pareceram sobremodo interessantes para a reflexão dos capoeiristas, como o tambor (atabaque), o dançarino (dança) e a cabriola (au), achados corriqueiros nas manifestações culturais africanas e afro-brasileiras.
A presença da cabriola, nome pelo qual era conhecido na minha infância o aú, comumente associada à capoeira, mostra que este movimento faz parte das manifestações de habilidades físicas na cultura africana. Rubinho Sanches, contemporâneo de capoeira, ribeirino santamarense por origem, refere que durante os sambas e festividades afro-brasileiras eram freqüentes os saltos, cambalhotas, catrâmbias, volteios, "maria escambota" ou como queiram chamar, os aús.
É interessante reavaliar o diagnóstico das maltas de desordeiros, identificadas como "capoeiras" em gravuras do Rio Antigo, pela presença dos aús e pernadas, movimentos comuns na cultura africanas e que também constam do repertório da capoeira baiana.