MANUSCRITOS E DESENHOS DE PASTINHA
HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO DO MATERIAL
O presente trabalho está baseado em material de duas fontes: Carybé e Wilson Lins:
- A primeira parte do material de que disponho chegou-me às mãos através de Carybé, amigo e paciente, que guardava em seu poder documentos que lhe haviam sido doados por Mestre Pastinha, o quadro a óleo sobre tela "Roda de Capoeira" e uma série de apontamentos em folhas soltas de papel.
- O restante material, fornecido por Wilson Lins, consta do "Caderno e Álbum do Centro Esportivo de Capoeira Angola", que lhe fora outorgado pelo Mestre Pastinha para publicação.
A serie de apontamentos "Carybé" foi classificada em três grupos:
- Documentos referente à "Fundação e registro do CECA", com uma "Lista de nomes" dos 68 participantes mais antigos da agremiação;
- Seis "Folhas soltas" contendo manuscritos isolados;
- Trinta e nove folhas soltas, numeradas e seriadas, manuscritas, versando sobre assuntos diversos, que reunimos sob o título de "Pensamentos".
Usamos reproduções em "Xerox" dos manuscritos, iniciando pelo "Caderno e Álbum" aberto, folhas direita e esquerda justapostas, em papel 210×297, numeradas sucessivamente pelo sistema alfanumérico a partir da primeira página de texto, a pagina esquerda como 1a e a direita correspondendo a 1b, com a finalidade de proteger os originais do desgaste natural do manuseio freqüente.
Dos manuscritos realizamos transliteração datilográfica em processador de texto, à qual nos reportaremos durante o desenvolvimento do trabalho.
Os trechos selecionados e comentados são apresentados entre aspas, em negrito, com a respectiva localização (páginas em alfanumérico, linha inicial- final), respeitando a grafia original e procurando reproduzir datilograficamente o espaçamento e anotações encontradas (pontuação e acentuação gráficas) pela sua relação com o processo mental do autor durante a sua produção.
A leitura dos manuscritos exige, além de atenção, o conhecimento das modificações sintáticas, fonéticas e semânticas impostas pelo povo baiano à nossa linguagem, ao lado de intimidade com os costumes do nosso povo.
A repetição exaustiva da leitura, a meditação prolongada sobre o apreendido, o apelo às lembranças dum passado que já se vem fazendo remoto, a pausa indispensável à critica do elaborado, a admiração e o respeito pela obra do venerável mestre, a ajuda preciosa de Isabel, Itapoan e Caribé tornaram possível os comentários achegados aos trechos selecionados.
Acentuamos que os nossos comentários não passam de interpretação pessoal, sujeita a crítica e revisão, reconhecendo as nossas limitações e aguardando que outros mais capacitados aproveitem os originais e desenvolvam trabalhos à altura da herança recebida.
Esperamos que os trechos selecionados tragam uma visão mais perfeita da capoeira pacífica que se desenvolveu na Bahia sob o encanto dos toques, cantos e encantos dos nossos ancestrais, propiciando a realização do sonho de Pastinha:
A união de todos os capoeiristas
sem distinção de estilo, escola ou linhagem
Numa grande roda
jogando a capoeira da Bahia!